domingo, abril 19, 2009

A confusão que aproxima

Zé está confuso. As solas de seus sapatos não reconhecem mais o chão em que ele pisa. Seus pés procuram caminhos alternativos. Ele está vagando por áreas nunca antes visitadas por seres normais. Na primeira curva seus olhos vão de encontro ao desconhecido. Parecia ser um pássaro. Tinhas asas de pássaro. O canto daquele ser delirante atormentava a cabeça de Zé. De repente aparecem chifres. Ai meu deus! O que é isso? O ser esboça um diálogo: não clame por seu deus, nem todas as respostas estão com ele. O andarilho confuso arregala os olhos. Só pode ser o cão. Há uma pausa na conversa. Os dois ficam se admirando. O homem volta a andar. Sente um vento em sua nuca. São as asas batendo e levantando poeira. O pó é vermelho, assim como a pele daquele que parece ser o diabo. Zé não se acredita. Qual é o motivo que faz ele me seguir?
O homem já está andando há mais de uma hora. No horizonte não há nada. No céu não há nuvens nem azul. O chão é vermelho. A terra parece ser castigada. A convivência entre os dois desconhecidos começa a se tornar inevitável. A barriga de Zé dá sinais de que está sentindo falta de comida. O único alimento que há por perto é o bicho que não morre. O ser reata a conversa e pergunta como alguém pode vir parar nesse lugar que é só dele. Zé não responde e continua andando. Demonstra sinais de que aquela realidade lhe é familiar. Ele decide se instalar por alí. Fará companhia para aquela figura que aos poucos se revela dócil. Afinal ainda não cometeu nenhum abuso. A natureza os faz iguais. A força das imagens vindas de outrora os separam. Não é preciso sorriso nem abraços. A cumplicidade é originada da loucura. Embora tudo isso tenha ocorrido, um vai acabar sucedendo o outro. Mas quem sabe não apareça Zé? Ele sabe que há mais indivíduos iguais a ele.