terça-feira, agosto 03, 2010

Um dia eu vou, mas não agora!

Tenho medo da morte. Ela nunca me perseguiu, mas tenho medo dela. Sei que ela me ronda, me cheira, me sente me deseja, mas nunca foi explícito, nunca foi um amor declarado. Vejo ela nos jornais, na TV, na rua, na esquina, na casa do vizinho. Nem imagino como será o dia do nosso primeiro e derradeiro encontro.
As diversas culturas a encaram de tantas formas diferentes que sua identidade até se perde. A morte que alivia, a morte que assusta, a morte transitória, a morte que não é morte, a morte dos que só morrem. Embora teorias filosóficas a definam, um velho escritor nordestino resumiu a morte de forma perfeita: “é o mal irremediável”.
No dia em que ela vier ao meu encontro, sinto informar que não estarei de peito aberto a esperando, meu coração estará fechado. Minha alma pedirá socorro e mesmo que seja em vão, a desgraçada não terá o prazer de me levar por inteiro, porque ninguém se vai sem aqui deixar um vírus na lembrança dos que ficaram se preparando para o encontro indesejado.