sábado, novembro 21, 2009

Já vai?

Quero que o mundo afunde e na ponta do iceberg só fique nós dois. Posso sobreviver durante dias com teu beijo. Seu tezão vai me fornecer os nutrientes necessários para manter meu coração batendo. O cheiro do seu sexo não me deixará dormir e o seu corpo será apoio para meus pensamentos impuros. Vamos exercitar o salto para o além, a corrida para o que há por vir, a fuga que ruma ao mar das incertezas. Quando o iceberg começar a derreter, junto vão minhas visões de desespero nesse instante que não sei o que fazer. Quando meu dedo tocar a água fria, todo esse oásis de inverno vai congelar e você vai morrer. Eu vou ficar vivo, estarei preso no altar dos loucos, nos confins do teu pensamento, naquilo que a deixará respirando.

sexta-feira, novembro 13, 2009

A praça

Sentado na praça, o homem volta no tempo. Tempo em que seus cabelos ainda caiam e sua voz era mais firme. Naquele tempo, os homens sonhavam com vôos mais altos, com saltos mais largos. Sonhavam com a vida, com tempo, com morte. Bebiam a felicidade e dormiam com a utopia.
Sentado na praça, ele olha pra cima e não vê mais um céu tão azul. Agora ele vê um horizonte acinzentado e nos seus pulmões entram ares mais pesados. Ele não vive mais os sentimentos de outrora, mas os sente pulsar lado a lado com a alma que pede socorro. São dias difíceis. Sua experiência é sua mágoa e seu sorriso prova que tudo aquilo quer voltar, mas não consegue espaço nos corações e mentes.
A praça lhe acolhe. Mesmo sem o verde, o concreto serve de apoio para os pés cansados. No banco de madeira, ele finge o conforto. Ao lado não há ninguém para conversar. O mundo já está pequeno, encolhido, tenta juntar forças, colar os cacos. No olho daquele homem, brilha junto com o sol a esperança de que os tempos mudem, que os verbos mudem.
Queremos sentar nas praças do futuro, nos bancos do futuro, no verde do futuro. Queremos ouvir os cães latirem. Queremos ser mais inquietos, perturbadores, sonhadores, questionadores. Queremos ver o sol brilhar na grama. Isso é o que podemos fazer por enquanto: querer. No dia em que mais gente quiser, faremos tudo acontecer.
O homem vai embora, não será testemunha da vontade da maioria, do desejo que um dia foi seu. Mas ele não é egoísta, sabe repartir.