quinta-feira, junho 11, 2009

Que cidade é essa?

A noite é de sábado. Parece ser uma noite de sábado como outra qualquer. Vou sair e espero me divertir. Bom, mas foi uma noite de sábado qualquer, nada de especial aconteceu. Apenas algumas verificações de um repórter que por mais que conheça sua cidade sempre se espanta com algumas ciosas.
Fui deixado no centro. O relógio, parecendo prever o frio, ainda marcava 22h40. Eu tinha combinado com duas amigas, às 23h. Agora o que eu faço? Sai para andar. Derrepente espanta o frio. Depois de alguns passos, um homem já me pede um cigarro. Digo que não tenho. Porra, tenho cara de fumante por acaso? O cara estava mal vestido. Parecia ser um andarilho. Continuo andando. Passo por uma casa abandonada e vejo uma mulher baixa tentando acender sua pedra de crack. Ela estava no chão. Aquilo deveria estar frio, mas seu vício iria esquentá-la. Mais para frente, dois mendigos fumavam e conversavam. Eles estavam loucos para beber. Foi o que um falou para o outro. Sem dar muito importância, saio dalí ando até chegar na praça. Vou sentar. Melhor não, está muito frio. Caminho devagar. Pessoas estranham estão ocupando a praça. Em um lado do gramado dois gays vestidos com roupas rasgadas e com todo tipo de estampa. Estavam se beijando. Isso em uma praça de Joinville, não se vê todo dia. Ao lado deles, algumas bebidas. Brincando nos balanços, algumas pessoas difíceis de se identificar, óculos escuro para se proteger da luz da lua, que estava forte naquele momento. Eles riam muito. Outro com o cabelo vermelho. Acho que são esses os famosos “emos”. A média de idade, provavelmente, não passava dos 16 anos. Eram muitos, jogados na grama, bêbados. Juventude virada. Que merda de pensamento conservador esse meu agora. Afinal, os fígados são deles. Não me lançaram um mísero olhar. Será que sou invisível? Ou sou muito estranho para eles? Enfim, a praça era deles, eles estavam a ocupando. Alguns cigarros davam, junto com o vinho, o tom de sou adulto. Vão à merda, cresçam, pirralhos. Depois descobri que o local não era só deles. Alguns viciados também estavam instalados por ali. Do outro lado mais um me pede cigarro. Mais uma vez digo que não tenho. Ele fica gesticulando, não dou importância. No chão, encostada na parede estava uma mulher. Estava fumando. No lado dela mais um homem. Eles pareciam estar brigando. Nesse momento me pergunto o que realmente estava fazendo ali. Não importa. Um homem passa por mim e faz um gesto me oferecendo cocaína. Assustei-me, me senti fora de contexto. Neguei com educação, afinal ele também foi educado. Sigo andando e saio da praça. Vou até o lugar do show, cover do Legião Urbana.
Porra, ainda está frio pra caralho. A caminhada não adiantou. Minhas amigas chegam e entramos na casa de show. O espetáculo demora. Enfim começa. Com uma bandeira do Brasil enrolada ao corpo, o vocalista, parecido com Renato Russo, começa a cantar os clássicos da Legião. Incomodava-me um pouco o fato do lugar estar meio vazio. Queria gente, calor, empurrão. Não essa merda de calmaria. Mesmo assim estava me divertindo. O cheiro do cigarro tomava conta do lugar. Bebida saia feito água. Alguns fãs me irritavam. Que saco, precisa dançar desse jeito? Outros eram mais comedidos.
Chega a hora em que ele canta “que país é esse?”. O galera pira, endoida. Após o refrão, que é o título da música, o pessoal emendava: é a porra do Brasil! Assim iam seguindo os acordes e os gritos de desabafo do público. De alguns, isso nem era muito sincero, só acompanhavam o coro. Mas estava bonito. Mais uma vez o vocalista esticava a bandeira do Brasil. Na minha cabeça eu pensava que país é esse? Que deixa seus filhos e filhas se viciarem pelas esquinas. Discurso moralista e comum, eu sei, mas foda-se, era o que eu estava pensando. Estou indo embora. Perto da minha casa, passo por uma zona. Da rua se ouvia os gemidos e barulhos. Prostituição, um ato típico desse país. Pelo menos ali havia mais sinceridade. Todos sabem que elas estão ali para isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um pouco moralista sim, mas muito bom!