quinta-feira, setembro 03, 2009

Sem título

É incrível como as coisas que nos cercam só possuem vida quando nossos olhos fitam seus movimentos.

Estava lá, paralisado, hipnotizado, surpreso com algo tão comum: uma núvem de água despencando sem parar. Meus sentidos ficaram alheio a tudo ao meu redor. Só via a núvem de água que despencava sem parar. Eu a admirava talvez por parecer muito com a vida, mas não por despencar, mas por correr tão rápido e não voltar mais, por passar sem dar importância pra nada. E não há nada que possamos fazer, ela vai acontecer. Claro que sempre há algo a se fazer, um suicídio talvez, porém isso seria o mesmo que parar a água. Que morram os homens, mas que não se pare a água! Acho isso mais coerente. Enfim, após relutar vilontamente, me afastei da água. No fundo só ouvia o som dela caindo em cima de mais água, acho que é a que veio antes dela. Já estava longe o suficiente para não ouví-la mais. Ela parecia ter morrido. Aí fiquei me perguntando: Como ela corre à noite? De que forma ela cai? Talvez ela não exista à noite. Talvez ela só caia diante dos meus olhos carentes.

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